Are You Afraid? ~Done~

Aposto que não sabiam.



Até a cidade precisa de
descansar. Tenho-a observado ao longo destes 19 anos e nunca a vi sossegada e
acho que ela nunca me viu sossegado a mim.



Às vezes, apetece-me
voltar aos dias de antigamente e visitar aqueles sítios que tanto me
aconchegavam. Tenho saudades das confianças ainda que traiçoeiras. Tenho
saudades daquela liberdade. Tenho saudades do verdadeiro eu. Tenho saudades de
algo que nem eu sei.



Sinto-me sufocado tal
como me sinto o sufocador. Sinto-me livre tal como me sinto o “encarcerador”. Sinto-me
potente tal como me sinto inútil.



Creio que ninguém me
poderá trazer a paz que desejo tão conscientemente mas será ainda mais
impossível trazer-me a tragédia e a adrenalina pelas quais queimo de ânsia
inconscientemente.



Preciso que alguém tome
conta da mim.



Estou prestes a explodir.



Sinto falta daqueles
dias.



Daquelas noites.



Noitadas.



Ressacas.



Suores e salivas.



Sangues derramados.



Discussões flamejantes.



Uma vida intensa mas
indesejável.



Quero-a de volta.



E depressa.



Já é demasiado para mim.
Não sou capaz de esconder mas não quero revelar-me. Ninguém iria gostar.
Portanto, limito-me a cerrar os punhos e gritar o nome contemporâneo, mostrar
um sorriso brilhante, explodir de alegria.



São inúmeras as que
gritam por mim e que afirmam conhecer tudo sobre mim. Mas que sabem elas? De
nada! São meras frases num papel! Não é nada! Nada disto é nada! Eu quero o meu
tudo! A sensação era desconfortante e só podia ser enchida com aquelas
vivências. E eu quero isso. Quero o caos passado. Quero um caos novo. Quero
apagar este medo.



Quero…



Quero viver a minha vida
outra vez. Quero sentir de novo os arrepios gélidos a percorrer-me a espinha de
cada vez que abria os olhos para um novo dia. Quero ser eu outra vez! Quero o
que eu quero mas nem sei o que isso é. Só sei que quero recuar ou desenvolver.
Quero mais! Mas quero o antigo. Quero o passado sobre o qual não devia pensar
nem confiar. Devia ser passado, o meu passado. Mas não o é.



É cada vez mais actual,
mais presente e até mesmo futuro. Quero sorrir de novo, quero um sorriso
malicioso cheio de desejo pela verdadeira vida. A vida que eu conheci.



Quero… Quero tudo de
novo.



Não digam que ma trarão
porque não irão. Não me digam que assim será melhor porque nunca o será. Não me
digam que aquilo não é vida porque nunca nenhum de vós a sentiu na pele como
eu. Eu até a senti demasiado. E quero sentir mais!



Quero que me pintem de novo
a minha vida com as cores da tragédia e desespero.