Bloody Kiss {atualização 121214} Capítulo XI.

Dia 3 de janeiro, quarta-feira. 7:30. Casa dos Hwang, quarto do Kevin. O primeiro dia de aulas após as férias. O despertador toca. O cabelo castanho está desgrenhado, os olhos vermelhos, e há uma imagem em cima da mesa-de-cabeceira. A nossa polaroid. Kevin acorda e abre os olhos, olhando para Kawaii que está acordado, graças ao despertador, e que procura o calor da cama, tentando entrar para os lençóis.

Kevin, esfrega os olhos e vê a tentativa desesperada de Kawaii: HYA!~ Vai dormir para a tua cama, jagi~ Espera, vem comigo antes, tenho de me despachar! Não posso deixar que me enchas a cama com pelos de gato, não é, seu malandro?

Kevin agarra no Kawaii à força, que se tentava prender aos lençóis com as garras, e arranca-o da cama levando-o pendurado no seu braço, que se mantinha sem fazer algum tipo de gestos, mas apenas fazia uma cara de descontentamento perante a ação do dono. Passaram três dias, e a escola já começava. Kevin fechou a porta por trás de si e abriu a da casa de banho, deixando Kawaii ir para o piso de baixo. Kevin despiu o seu pijama e deixou mergulhar o seu corpo na água quente que lhe sabia tão bem e que fluía através da torneira. A banheira era enorme e com as paredes largas e altas, parecia uma piscina em ponto pequeno. Kevin enchia a água com espuma como de costume e agarrou na sua esponja do banho, daquelas compridas e com uma parte superior. A dele era amarela e tinha uma cabeça de um pato. Haviam outras duas, um urso cor de lavanda e um gatinho cor-de-rosa, pertencentes às irmãs, e ainda haviam mais duas, que estavam sempre secas e que eram simplesmente brancas. As dos pais. Kevin estava atento a olhar para as esponjas e para os seus detalhes enquanto se lavava, e depois de examinar a sua minuciosamente e de brincar com o pato que estava nesta, saiu da banheira. Ele ouvia ChanYoung resmungar e Kawaii miar. Ele tinha-a acordado. Kevin seca o seu cabelo com a toalha e enrola-a à volta da cintura, saindo assim da casa de banho. ChanYoung esfregava os olhos e bocejava.

ChanYoung: Aigoo, o gato acordou a casa toda... Kevin, veste-te e vai-lhe dar comida, eu tenho sono... vou voltar para a cama...

SuMin, aparece à porta: HYA!~ Calem-me essa buzina!~

ChanYoung, ri-se: Olha que ainda fazes mais barulho que a buzina em si...

SuMin, chateada: HYA!~ Queres morrer, ChanYoung? Eu tenho– aigoo, as brocas! Que horas são? ChanYoung, Kevin! Que horas são?

Kevin, olha para o relógio: 7:45... aigoo, demorei mesmo 15 minutos no banho?

SuMin, chocada: O QUÊ? AIGOO, TENHO APENAS 45 MINUTOS!~

ChanYoung, ri-se: Bem minha gente, entendam-se, eu vou dormir, saio de casa daqui a três horas e meia por isso tenho mais que tempo... SuMin, para que é que vais tão cedo para a universidade? Não tens aulas mais tarde?

SuMin: Aniya! Quer dizer, não tenho aula, mas quero ir bem cedo porque tenho um monte de coisas para fazer e a minha vida não é só andar por aí a passear, tenho de trabalhar...

ChanYoung: Até parece que trabalhas muito, lazy ass...

SoJin estava a fazer um pequeno-almoço rápido para todos, chocolate quente, leite com café para quem preferisse e cappuccino, e expunha sobre a mesa o resto da tarte de abóbora e dos doces que não haviam comido pela passagem do ano. Também havia outros bolos, entre os quais uns bolos chineses de banana frita, e bolinhos da sorte com mensagens. Eles tinham comprado bastantes, mas grande parte sobrou devido à variedade. Apenas a gelatina tinha voado completamente e o pudim flan. Joo saiu do quarto com um sorriso na cara e sentou-se na mesa.

Joo: Bom dia, SoJin!~ Aigoo, fizeste cappuccino~

SoJin: Bom dia, Joo! Fiz para mim e como sei que adoras café fiz a mais.

Joo: Aigoo, obrigada SoJin unnie~ onde é que estão os rapazes? E a YooSung e a Mikki?

SoJin: Estão a dormir com certeza... e quase que aposto que a KkotIp adormeceu, não foi?

Joo, ri-se: Aniyo, ela está acordada. Ela anda a fazer um plano qualquer estranho...

SoJin: Hmm, um plano qualquer estranho? Interessante... isso é interessante...

YooSung, ainda ensonada, sai do quarto: Annyeong... temos... bolos? Aigoo...

Mikki, chega mesmo atrás dela: Aigoo~ cansaste-te de bolos, sua gulosa?

YooSung: Aniyo, só não causo dores de cabeça a mim mesma logo de manhã como tu... hoje vai ser a doer... temos logo aula teórica de manhã, e a tarde toda vai ser desporto.

Mikki: Porque raio é que as férias acabam sempre no final ou no meio da semana? É injusto, ao menos davam-nos mais uns dias para curtirmos a vida... ao menos não estou eu desporto, bolas, eu morria... estou muito feliz com o facto de que existem cursos de representação e artes performativas nas escolas e universidades... ou estava morta.

Joo: Podes ter a certeza que estamos em sintonia... pelo menos uma vez...

WooHyun: Annyeong pessoal~ bom dia!~

YooSung: Demasiado alto... aigoo, a minha cabeça...

WooHyun, ri-se: Sabes que não deves beber antes de uma aula teórica de desporto, não é?

SoJin: Hoje estamos bem-dispostos, heim? Deve ser porque hoje está a nevar...

YooSung, arregala os olhos e fala baixo: Está a nevar mesmo? Aigoo, daí a preguiça...

Mikki, ri-se: Tu és sempre preguiçosa, Sungie...

YooSung, frustrada: Não gosto que me chamem Sungie... É YooSung afinal de contas...

SoJin: Nevar deixa-me bem-disposta, posso puxar o JongHyun para o meio da neve e enchê-lo de neve até às orelhas, e depois mandar bolas de neve e fazer bonecos de neve...

Joo: Uh, nice revenge! Isso é por o JongHyun ser pabo, não é? Acho que sei duma pessoa que ia alinhar bem numa vingança desse tipo, e essa pessoa está a arquitetar um plano malvado no quarto neste momento com esse objetivo...

KkotIp, eleva o tom de voz ao sair do quarto: Quem é que o quê? Traidora!~

YooSung, deita a cabeça sobre a mesa ao comer a tarte: Aigoo, demasiado alto...

Joo: Aigoo, eu não fiz nada, eu nem sei de pormenores desse teu plano malvado...

KkotIp: Só por causa dessa vou fazer mais uma coisa...

KkotIp volta para o quarto desta e da Joo, deixando todos os presentes na sala intrigados, vendo-se um vulto entrar para a casa de banho um pouco depois com as mãos cheias, e saindo com algo, que deixou no seu quarto. Pareciam... toalhas de banho?

Joo, ri-se: Parece que hoje temos espetáculo de borla pela manhã...

SoJin: Pessoal, são quase oito da manhã!~ A que horas têm aulas hoje? Mikki, Joo?

Mikki: Hoje vai ser às 8:30 logo, por isso ainda temos meia hora pelo menos.

SoJin: WooHyun e YooSung? E vocês, a que horas entram?

YooSung: À mesma hora hoje.

JongHyun: Bom dia pessoal!~ Vou tomar o meu duche.

Joo, arregala os olhos e contém-se para não se rir, sussurrando: Golpe de mestre...

WooHyun, dá-lhe uma cotovelada: Joo, kwaenchanhayo?

Joo, segura o braço com força e faz uma cara de dor: Aigoo... foi l-logo neste b... braço...

WooHyun, tenta-se redimir: Aigoo, mianheyo... magoei-te muito?

Joo, sorri e bebe um pouco do cappuccino: Aniyo... eu estou bem. Foi uma dorzinha pequena, foi mais de estar ainda com mau aspeto... fez uma nódoa negra bem grande...

Um grito na casa de banho faz todos se desviarem do ambiente entre aqueles dois e aparece a KkotIp já vestida e a rir-se daquele grito, mas ainda assim contendo-se.

SoJin, tenta não se rir do seu dongsaeng: KkotIp, o que é que fizeste ao meu irmão?

KkotIp, finge ser um anjinho mas dá a entender tudo: Eu não fiz nada, mas acho que ele não gosta de gafanhotos... bem, eu posso, acidentalmente, me ter esquecido do INA e dos amigos na casa de banho, mais precisamente dentro da banheira...

Joo, ri-se: Meu deus, não posso... e tu a dizeres que o INA era muito soft...

Yukwon preparava a sua mota, aquecendo o motor, e EunMi faz o mesmo, mas aos seus pés para se preparar para ir a pé para a universidade. As estradas estavam cortadas e o Yukwon era um exímio condutor de mota, ao contrário dela, que não passava de uma condutora de mota ocasional. Na verdade, tanta neve assustava-a. MinAh ia a pé com esta. Porém iam apanhar um transporte urbano, devido à distância da escola e ao facto de estarem sem tempo para parar pelo caminho ou para imprevistos. Mas MinAh não planeava ir com EunMi, mas sim com Sandeul.

EunMi, dá uma garfada no seu arroz matinal, do tradicional pequeno-almoço coreano que estava exposto em cima da mesa: MinAh... temos de ir...

MinAh, confusa: Ir onde? Para as aulas?

EunMi, ri-se de uma forma compreensiva talvez: Para onde achas que é, tolinha?

MinAh, olha para as horas e levanta-se pegando na mochila: Aigoo, mas eu combinei com o Sandeul, passar pelo caminho pela casa dele e ir com ele... esqueci-me disso, unnie...

EunMi: Arasseo. Mas eu posso ir com vocês–

Yukwon, ri-se e sussurra-lhe: Deixa-os ir os dois, ele não lhe vai fazer nada de mais...

MinAh: Deixa estar, unnie. Eu vou a salvo, o Sandeul não me vai raptar, não é?

O primeiro dia de aulas do segundo período, o edifício gigantesco continuava igual, sem qualquer mudança, os tijolos pintados de castanho-escuro que faziam as letras pintadas que diziam em escrita universal JinSan High School estavam também iguais. Haviam centenas e centenas de alunos naquela escola, e cá fora estavam alguns, à espera das namoradas ou namorados, de amigos, de pessoas, ou simplesmente por eles mesmos, e pela coragem de pisar o interior da escola. Lee JinYoung estava já no recinto, e estava a falar com o pai e a mãe de Baek TaeJoon, aquele rapaz, novo vizinho do Kevin e das unnies. Aquelas caras eram-me familiares, mas podia ser impressão minha. Prossegui e segui Kevin, que chegava com a unnie SuMin, que se despediu dele para atravessar a estrada e prosseguir para a universidade, mesmo em frente. O pânico de atravessar a estrada. O pânico dele. Os olhos dele ficavam molhados com as lágrimas que teimavam em aparecer após aquele dia. Tudo isto por minha culpa. TaeJoon olhou para mim sem me ver tal como todos os outros fazem, e olhou para Kevin, que eu acompanhava ao flutuar por aí.

TaeJoon, sorri para ele: Kevin-ssi, annyeong!~

Kevin, aproxima-se deste: Oh, TaeJoon-ah! Bem-vindo ao JinSan High School! Estás a gostar daquilo que viste até agora? Ou ainda não viste muito?

TaeJoon: Bem, eu cheguei há pouco tempo... mas por aquilo que vi, gostei. É moderna...

Kevin, tenta ser prestável e acolhedor: Posso-te mostrar a escola se quiseres... queres?

O rapaz, Baek TaeJoon, consente, e vão os dois lado a lado pelos corredores, mostrando todas as salas, pisos, salas dos clubes, auditórios – porque haviam dois, permitindo assim que várias turmas usufruam destes simultaneamente – pavilhão desportivo, refeitório, casas de banho, e outras localizações importantes, bem, não mostrar mas apenas indicar, porque entretanto tocou. Lee JinYoung, o diretor, esperava TaeJoon no gabinete para lhe dar as boas vindas. Apesar da sua fama de ser uma pessoa um pouco apagada, ele desejava sempre as boas vindas aos seus alunos e falava com eles primeiro, antes de irem para a sala, onde depois ele mesmo os ia apresentar. Embora fosse diretor e esse papel coubesse aos professores presentes na sala, ele fazia questão de ele mesmo o fazer, o maior organismo da escola. Mas naquele momento ele esperava por TaeJoon.

TaeJoon, bate à porta e espreita por um canto: Posso entrar, senhor diretor?

Lee JinYoung, põe-se de pé e cumprimenta-o: TaeJoon, entra e senta-te, por favor.

TaeJoon, cumprimenta-o e mostra um olhar preocupado à medida que se senta: Há algo de errado, senhor Lee? Que eu possa ter feito, ou sobre o processo, ou algo do género.

Lee JinYoung, esboça um sorriso: Ah, não, é só para falar um pouco sobre ti e sobre as notas que tinhas em Daegu, o teu pai e a tua mãe mostraram-me as últimas pautas, mas quero saber qual a tua média a cada disciplina e a média total. Sabes, eu preocupo-me muito com as notas dos alunos que frequentam a escola, especialmente quando são novos na escola e quando são da turma do meu filho Sandeul, que é o teu caso. Ele não gosta muito de estudar, por isso devo garantir que ele tem bons exemplos perto dele, e tu pareces adequar-te muito bem a essa minha lista de bons exemplos para ele. Ele devia estar um ano mais adiantado, mas ele teve um acidente em casa, caiu das escadas, e levou muito tempo a recuperar, então chumbou o ano. E por se sentir livre do seu regime de estudo diário, deixou de estudar para ter as notas que tinha, tendo sido a partir daí um aluno mediano apenas. Ele é bastante inteligente e disciplinado, mas preguiçoso...

TaeJoon, sorri: Eu compreendo, por isso vou-me esforçar para ter notas melhores do que as que tinha em Daegu. Quanto às médias, como achei que seria melhor trazê-las, tomei a liberdade de escrever as dos últimos cinco anos em Excel e trazer para o senhor avaliar.

Lee JinYoung, mete os seus óculos e avalia os dados apresentados: Bem... és sem dúvida alguma um aluno de mérito na tua antiga escola, porém os níveis de exigência aqui superam todos os colégios privados daqui da zona, por isso... esta escola foi classificada uma das melhores escolas da Coreia do Sul. E considera-te honrado se conseguires obter esses níveis. No ano passado, nenhum aluno conseguiu obter médias superiores às tuas.

TaeJoon: Irei trabalhar arduamente para superar os meus objetivos, um após outro, senhor diretor Lee. Aliás, mais do que arduamente. Darei o possível e impossível.

Lee JinYoung: Espero bem que sim, pequeno Baek TaeJoon... agora vamos à tua sala para te apresentar ao resto das pessoas. Eu gosto sempre de estar presente quando um aluno entra numa turma nova, é já uma praxe do diretor, uma tradição.

O diretor e o novo aluno dirigiram-se para o segundo piso dos três pisos, para uma sala de línguas – pois os corredores estavam divididos conforme os departamentos e disciplinas, e chegaram à sala correspondente, batendo à porta. O diretor entra e TaeJoon entra atrás.

Lee JinYoung, olha para os alunos em geral e fixa-se em Sandeul, puxando TaeJoon para o seu lado para que todos o possam ver: Bem, bom dia a todos, desculpem por interromper a vossa aula de inglês, mas eu estou aqui por causa de um assunto relativo à vossa turma, e bem, o assunto está mesmo atrás de mim, chama-se Baek TaeJoon, veio de Daegu há cerca de uma semana, e será o vosso novo colega de turma. Espero que o ajudem a integrar-se bem na turma, e na cidade também. Bem, é tudo, e boa aula para todos.

Professor: TaeJoon, welcome to our class. Have a seat next to Hwang SungHyun please.

TaeJoon sorri, acena com a cabeça e dirige-se imediatamente para a cadeira vazia junto a Kevin, que era a única vazia. Kevin estava nos últimos lugares, e todos recusavam se sentar perto dele, afirmando que ele era estranho e antissocial. Na verdade, ele era apenas tímido e tinha medo que ninguém o compreendesse. Demasiado depressivo e deprimido também.

Professor, debruça-se sobre a secretária: Let’s present each other, since we have someone new in our class. Vamo-nos apresentar para o nosso novo aluno. Eu vou escrever aquilo que quero que incluam na vossa apresentação no centro do quadro.

Aquele professor de inglês era bastante exigente, exigia aos alunos que falassem em inglês sempre, mesmo para perguntar o significado de algo, ou a tradução. Por incrível que parecesse, ele era um dos melhores professores de inglês daquela zona, e os alunos eram uma reflexão do seu trabalho árduo, pois saíam de lá a saber quase todos os verbos irregulares, e a saber dialogar fluentemente, ou pelo menos as coisas básicas. Já as unnies diziam isso quando falavam do JinSan High School era eu viva ainda. Todos tiveram de falar e se apresentarem uns aos outros, como se não se conhecessem. Os tópicos estavam escritos no quadro eletrónico, e eram cerca de 10 tópicos. Depois disto, eles deram vocabulário novo e um pouco de gramática, e o professor saiu da sala, tocando assim que ele atravessou a porta. Era uma enchente de gente no corredor, e as raparigas da turma de TaeJoon falavam sobre este. MinAh e Sandeul procuraram pelo novo aluno, que estava com Kevin, o que de certa forma os chocava a todos, pelo menos aos que reparavam.

Sandeul, acena e faz uma vénia a TaeJoon e Kevin: Annyeong haseyo TaeJoon e Kevin!

MinAh sorri e faz o mesmo: Annyeong Kevin! E annyeong e bem-vindo, TaeJoon!

Kevin e TaeJoon, fazem o mesmo: Annyeong haseyo!

TaeJoon, sorri: E obrigada!~

Sandeul: Eu sou o Lee Sandeul, sou o filho do diretor, mannaseo bangawoyo.

MinAh: E eu sou a Bang MinAh, mannaseo bangawoyo!~

TaeJoon, um pouco acanhado: E eu sou o Baek TaeJoon, mas isso vocês já sabem...

Sandeul, olha para Kevin intrigado: Vocês estavam os dois na festa do SoJin’s Cocktail Bar pela passagem de ano, não estavam? É que eu acho que sim... não estavam os dois lá atrás no balcão quando os Cubik, os Born To Beat e os SPEED cantaram?

Kevin, sorri de forma um pouco descaída: Deh, estivemos lá. Eu e as minhas nooni– noonas decidimos convidar o TaeJoon para não estar sozinho em casa com os irmãos, que por sinal estavam ocupados com as vidas deles, e para eu mesmo não estar sozinho.

MinAh, sorri: Bem-vindo à vida social de um adolescente, Kevin!~

TaeJoon, dá três cotoveladas leves no braço do Kevin e sorri: Kevin, já te esqueceste que me ias mostrar a escola? Ou pretendes que a descubra sozinho, à minha custa?

Dia 18 de novembro de 2015. Havia uma loja de doces em frente aos meus olhos e aos dela. Da Jae unnie. Eu adorava comer rebuçados e feijões de gelatina, daqueles típicos americanos, e a Jae unnie tinha algumas moedas de 5 won que tinha apanhado no chão, como ela fazia. Odiava o facto de ela ser órfã e viver como uma sem-abrigo, a roubar os restos de comida das pizzarias, lojas de fast food, restaurantes, cafés. Ela era demasiado pura e inocente. Olhei para o preçário através da janela. Cada feijão custava 10 won, e com 100 won podia-se ter 10 daqueles, e 1000 won, 100 feijões de gelatina. Mas ela não tinha mais que 50 won em pequenas moedas. Eu tinha a minha semanada, 2500 won, mas ela não queria que comprasse para ela os feijões. Muito menos aquilo que tinha em mente. Lollipops. Heart-shaped lollipops. Eu queria dizer-lhe que queria que ela tomasse aquele chupa-chupa e o meu coração. E chu~. De repente, começaram a cair flocos de neve e ela tocou-me no braço três vezes, suavemente, através de cotoveladas tímidas mas energéticas e rápidas, quase como se aquele contacto que me fazia ter uma impressão estranha no estômago fosse de certa forma proibido.

O Kevin estava estranho. Aquele toque. Era igual ao meu. Três cotoveladas suaves, tímidas e rápidas. Seguidas de um sorriso. Kevin estava desconfortável, então eu distraí-me e a MinAh apercebeu-se da minha existência e ambas petrificámos ao nos vermos. O nervosismo na minha cara era tal que sentia o meu corpo alterar-se e as minhas feridas abrirem-se simultaneamente, mas sem dor. Tudo era sem dor. MinAh piscou os olhos e viu-me de novo.

Mas ela não percebeu se era o Kevin ou o Baek TaeJoon. TaeJoon era o foco da minha atenção neste momento, mas o Kevin era a pessoa para a qual todas as pistas apontavam. A minha garganta doía. Eu não tinha dito nada em voz alta, falei como que para mim mesma e ela ouviu, olhou para mim e concordou ao movimentar a sua cabeça em tom de concordância.

Kevin, com as lágrimas quase a brotarem e voz de choro: M-mianhamnida TaeJoon-ssi... mas... preciso de ir à casa de banho... e-eu já volto... MinAh-ssi, Sandeul-ah, já volto...

Kevin corre rapidamente até à casa de banho, deixando o outro rapaz para trás. Ele queria chorar sem ver ninguém por perto, principalmente o dono daquele toque. Aquele toque igual ao meu. Mas o dono desse toque correu atrás dele, e ouviu-o chorar. Como naquele dia. Mas desta vez, para me esquecer. Eu sabia-o, e ele sabia-o.

Kevin, soluça e fala em tom baixo ao chorar: J-Jae... Eu p-pedi para ser... feliz... mas n-não... não assim... eu quero ser feliz... e desculpa-me... mas... tenho de... t-te tirar da minha cabeça... para ser feliz... a-acho... que é o que tenho de f-fazer... mianhamnida...

Kevin cai sobre os seus joelhos no chão frio da casa de banho, enquanto chora, e eu decidi esforçar-me para falar. Pela segunda vez, tinha de o fazer para o ajudar.

TaeJoon ouviu as minhas frases, não percebia de onde vinham, um gravador de voz no telemóvel ou algo do género, alguma rapariga na rua a falar, mas essa frase era para o Kevin. Só e apenas para o Kevin. TaeJoon ajoelhou-se ao lado de Kevin e olhou para a cara dele, ensopada e borrada. Da maquilhagem que ele tinha posto pela manhã.

TaeJoon, olha para ele com os olhos esbugalhados e preocupados: Kevin-ssi... não chores... não sei porque estás a chorar, mas acho que não o devias fazer, deves sorrir. A ChanYoung noona disse que eras um pouco vazio de sentimentos, mas agora vejo que não é falta deles, é apenas o ato de os ocultar. Mas, Kevin-ssi, podes sempre contar comigo... por isso, por favor não chores, faças o que fizeres, não chores...