Mixed Bands
Cap. IX – Por Fim Em Casa
(SHINee)
Faltava pouco tempo para a meia-noite quando JongHyun chegou a casa.
Descalçou-se e depois começou a andar até ao quarto que partilhava com o Umma do grupo.
Estava feliz por os amigos ainda não terem chegado. Não queria nada que o vissem naquele estado. Estava um caco depois daquela noite.
Flash Back On
Encontrava-se a família Kim toda reunida à volta da mesa cumprida da sala de jantar, enquanto as empregadas começavam a servir o comer.
Era incrível como um espaço tão grande como aquele, com tanta gente ali, podia ser um tão silencioso. Ninguém fazia um único movimento brusco ou abria a boca para falar. Aquilo nem parecia um jantar de aniversário – logo uma altura de festa e celebração – parecia mais que tinham acabado todos de vir de um enterro. Mas, vendo bem, JongHyun já estava habituado aquele clima. Fora sempre assim desde que ele se lembrava.
Ele via aquela casa como um lugar sombrio e escuro, e aquelas pessoas – que mesmo sendo da família dele – via-as como umas autênticas estranhas. Mas isso também não era novidade para este. No seu interior, ele só conseguia amar duas pessoas: o pai e a mãe.
-Podem ir. – Disse o aniversariante, dono da casa, quando as empregadas acabaram de servir o comer.
Começaram todos a comer, e o silêncio alastrou-se outra vez.
-Oboji? – Tentou o jovem começar a falar.
-Hum?
-Como é que vão os negócios na empresa?
-O que é que isso te interessa? Pensava que não ligavas a estes assuntos. – Respondeu, continuando a comer como se nada fosse.
Era verdade que JongHyun nunca gostara de falar de negócios, e para ele a palavra “empresa” nunca fora um grande fascínio, mas era o que o seu pai gostava. Por isso tentou falar com ele, sobre algo que ele sabia que seria do seu interesse.
-Engana-se oboji. Eu ligo muito. Principalmente porque é o que senhor faz.
O homem de idade avançada olhou para o filho e deu um riso cínico que fez todas as pessoas daquela sala, olharem para ele.
-A sério JongHyun? Então diz-me… Onde é que estava esse teu interesse todo quando decidiste começar a fazer aqueles treinos ridículos, para fazeres aquilo que fazes hoje?
-Oboji, o senhor sabe perfeitamente que o meu sonho sempre foi ser cantor. A música corre-me nas veias.
-Cantor? Música? – O homem pronunciou aquelas palavras, com tal desdém, que mais parecia que estava a cuspir coisas indesejadas – Achas que isso é vida para alguém?
-É vida para mim! Pensava que o oboji já tinha percebido isso.
-JongHyun… Como é que queres que perceba tais loucuras tuas? Isso não é vida. Isso é só um sonho infantil que tu tens.
-Não é um sonho oboji. É a minha vida. A minha realidade.
-Qual realidade qual quê! – Gritou o homem batendo com o punho na mesa, assustando todos naquela sala – Isso não passa de uma brincadeira tua. Quando cresceres vais ver o que é realmente a vida de um homem.
-Oboji… Eu já sou um homem. – Disse JongHyun com uma grande certeza e firmeza na voz, mesmo estando com o coração a tremer.
E depois houve uns segundos de silêncio.
Quando voltou a haver som, JongHyun apenas desejou desaparecer dali.
O seu pai começara a rir do que ele dissera, fazendo de seguida toda a gente naquela sala rir-se com ele.
-És um homem? Aonde JongHyun? Homem que é homem não vive a vida sendo um músico reles como tu e os teus amigos são.
-Como é que o oboji sabe que sou reles, se nunca me ouviu sequer?! – Berrou JongHyun começando a sentir as lágrimas a virem aos olhos.
-Kim JongHyun! Acalma-te. Estás a falar com o teu oboji. Tem respeito. – Repreendeu-o a mãe.
-Ommoni? A senhora também? Pensava que desta gente toda, você fosse a única que me compreendia minimamente. – Inquiriu ele, começando a deixar escorrer pela sua cara uma lágrima.
-Lamento adeul. Mas o teu oboji tem razão. O que tu fazes não é vida digna de um senhor a sério.
-Mas ommoni! A senhora apoiou-me no início! Como é que pode estar agora a dizer uma coisa destas?
-Apoie-te simplesmente porque pensava que era uma simples diversão tua. Nunca pensei que levasses isto tão a serio. Lamentou adeul, mas com isto tudo só demonstras que ainda não és um homem a sério. – E depois continuou a comer, como se nada fosse.
-Ommoni… - Murmurou JongHyun olhando para a mulher que tanto amava, e que naquele momento o fazia escorrer lagrimas compulsivamente pela face a baixo.
-Vês JongHyun? – Começou outra vez o homem, enquanto se ria na cara do filho – Agora nem o apoio da tua ommoni tu tens. Por isso vê se cresces, e deixas esses sonhos infantis para trás. Pois enquanto não o fizeres, vou ter vergonha de te chamar de adeul.
O rapaz olhou para o homem, e não pode acreditar no que ouvira.
Sabia perfeitamente que o oboji e a família toda não estavam de acordo com a carreira dele, mas nunca pensou que ele fosse capaz de lhe dizer tais coisas.
Sabia que desde que começara a vida com os SHINee, que o oboji o desprezava um pouco, mas nunca pensara que fosse chegar aquele estremo.
-E agora, se queres ficar, espero que te cales e que continues a comer. – Falou outra vez o oboji dele, voltando outra vez ao estado frio, enquanto voltava a comer.
JongHyun olhou para todas as faces daquela sala, e pela primeira vez sentiu repulsa por estar num lugar.
Ele começou a levantar-se, e quando estava prestes a sair dali, o dono da casa interrompeu:
-Se saíres agora, podes ter a certeza que vais morrer de vez para esta família.
-Pensava que já tinha morrido para si. – Disse ele, virando uma última vez a cara para o homem, enquanto chorava.
E depois saiu.
Flash Back Of
Caiu de barriga para cima da cama, e assim ficou durante um bocado.
Sentiu as lágrimas voltarem ao de cimo, mas ele naquele momento estava determinado: iria esquecer tudo o que a família lhe fizera, e iria concentrar-se só nos SHINee.
Virou-se, para ficar de costas, e depois levou as mãos à cara, limpando os olhos com força.
Naquela noite, todo o sofrimento e a tristeza que tivera que passar por parte das pessoas que mais amava tinha acabado, pois JongHyun não iria suportar que toda a sua felicidade fosse levada por gente que a partir de hoje tinham feito o seu funeral.
Ser feliz. Era esse o objetivo do jovem.
Este levantou-se e começou a despir-se, deixando a roupa cair aos poucos pelo quarto, enquanto andava até à casa de banho para tomar um banho que o fizesse esquecer aquela noite.
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Alex nunca se sentira tão protegida na sua vida. Parecia que não, mas o simples fato de estar entre os braços do mais novo fazia o seu coração sentir-se um pouco maior. Um pouco mais seguro e quente. E isso só podia vir do jovem.
Depois de algum tempo naquela posição, a portuguesa sentiu pela primeira vez as lagrimas secarem, e quando finalmente tal momento chegou, ela abraçou TaeMin com força para depois se separar do jovem.
-Komaweo TaeMin-goon. – Agradeceu a jovem, agora liberta do loiro.
-Estás melhor Noona?
-Ye! – Respondeu ela a sorrir.
Na verdade ela não estava completamente recuperada, mas pelo aquele gesto, agora sentia-se melhor.
TaeMin olhou para ela, e conseguiu perceber que aquele sorriso, ao contrário do outro, era verdadeiro. E no coração do Maknae, aquilo era realmente uma coisa muito importante de se valorizar. Tinha conseguido deixar a jovem um pouco melhor. Era o suficiente para se sentir bem consigo mesmo.
-Bem, é melhor voltarmos. Eles já devem estar preocupados. – Disse a jovem.
-É melhor. – E depois ele sorriu-lhe.
Começaram a andar até à saída daquele terraço e entraram outra vez na sonora e ruidosa discoteca.
Na ida até à mesa, os dois passaram entre o meio da multidão, para não darem de caras com o casal de há pouco.
Quando chegaram ao pé dos Nu’Est, a morena reparou que faltava ali uma pessoa.
-Onde é que está a Stace? – Perguntou ela, fitando todos os membros.
-Não sabemos. – Respondeu JR.
-Não sabem como?
-Ela chegou aqui, pegou na mala, disse-nos para ficarmos à tua espera para levarmos te a casa, e depois saiu.
-Isso não parece dela. – E depois a jovem procurou algo na mala e de seguida começou a mexer no telemóvel.
-Já tentei ligar-lhe. Ela não atende. – Falou desta vez MinHyun, com uma cara de preocupação.
-Eu vou tentar. Alguma vez ela vai ter que atender.
Alex começou a marcar o número da amiga e depois carregou no botão para ligar.
Começou a ouvir o som do chamar do telemóvel durante muito tempo. Mas nada.
A jovem desligou e voltou a tentar outra vez.
-O Hyung bem disse que ela não ia atender. – Inquiriu Ren desanimando.
Alex fez o ritual de ligar para ela, ouvir a chamar, e depois de muito tempo, desligar, inúmeras vezes.
-Nada! Ela continua sem atender. – Disse colocando o telemóvel em cima da mesa da discoteca – Ela nunca fez isto… Deve ter acontecido alguma coisa… Vocês não discutiram Min? - Ela perguntou, tentando encontrar uma explicação para a sua melhor amiga ter saído assim sem explicação, quando estava tão feliz com o concerto que dera horas antes.
-Não, não discutimos… Estamos super bem, ela foi a tua procura, não te encontrou e foi-se embora. – Min disse ligeiramente confuso.
-Eu não a vi… Ai! Vou tentar ligar-lhe outra vez. – A portuguesa pegou novamente no telemóvel e ligou-lhe.
Mas nada. Continuava a tocar sem qualquer resposta do outro lado.
-Noona, ela se calhar está com os fones e não ouve o telemóvel – Disse TaeMin.
-É… Ela tem o hábito de se pôr a ouvir musica aos berros e não ouve o telemóvel na mala. – Falou Ren e MinHyun acenou que sim com a cabeça.
-Mesmo assim, estou preocupada.
-Calma Noona. Vais ver que ela está bem. – Tentou tranquiliza-la Tae, enquanto passava uma mão sobre o ombro desta.
Passou-se algum tempo e ainda nem sinal da loira.
Mas onde raio é que a cantora se tinha metido?
-É melhor irmos andado. – Falou JR, vendo que não iria haver notícias da amiga naquela noite.
-Também acho. Vou só procurar o Key Hyung. – E depois TaeMin levantou-se e saiu de ao pé deles.
Foi então que o telemóvel de MinHyun começou a tocar.
-Noona, onde estás? Nós estamos tão preocupados contigo, estamos fartos de te ligar! O que aconteceu? – O rapaz disse num tom preocupado – Onde estás? Pelo amor de Deus diz-me onde estás que eu vou ter contigo. – Ele disse aos restantes que a inglesa estava em segurança, ouvindo-se de seguida sons de alívio por saberem que esta estava bem – Nós vamos já para casa Noona, vamos só levar os SHINee a casa e já vamos… Mas o que me querias pedir, amor? – (…) – Claro amor, saranghae. – O rapaz respondeu-lhe e desligou a chamada já mais descansado.
* * *
Os três membros entraram em casa completamente de rastos.
Já passava das quatro da manhã quando decidiram ir dormir.
Key, um pouco quente da bebida, foi entrando no quarto que partilhava com JongHyun, enquanto arrastava o corpo até à cama, deitando-se nela completamente exausto.
-Deixa-me adivinhar… Tiveste a beber. – Falou Jong, que ainda não tinha adormecido.
-E não só. – Respondeu KiBum com um riso malicioso.
JongHyun olhou para ele, e quando viu aquele sorriso nos seus lábios, percebeu o que tinha acontecido. Mesmo não querendo, ele conhecia demasiado bem o outro.
-Mwo? Por favor Key, não me digas que tiveste a dar uma esta noite.
-E acredita que não foi a melhor parte de hoje.
-O que é que aconteceu?
-Conheci a Stacey Brown. – Disse, enquanto se sentava na cama, com a cabeça encostada à parede.
-A dos Nu’Est, amiga da Alex-yang?
-Essa mesmo.
-E então?
-Ela tem namorado. O MinHyun, que também está na banda.
JongHyun não conseguiu controlar-se e começou a rir na cara do amigo.
-E achas isso bom? És mesmo um idiota KiBum-ssi.
-Hey! – E depois atirou uma almofada à cara do outro – Como é óbvio, eu sei que isso não é bom! O melhor veio depois…
-Não acredito! Ela traiu o namorado contigo? – Perguntou Jong completamente chocado.
Seria Stace, realmente, a melhor amiga da tímida e inocente Alex? Ou seria que a portuguesa era mais parecida com a loira do que ele pensava?
-Kim JongHyun! Achas mesmo que uma criatura daquelas é assim tão leviana a esse ponto? Claro que ela não o traiu!
-Ai! Então já não estou a perceber nada. Fala de uma vez, porra!
-Estive com a Hyuna, não com a Stace.
-Outra vez!? Mas tu não te cansas dela?
-JongHyun, sabes muito bem que a Hyuna é uma mulher muito interessante e bonita. Nenhum homem se cansa de tal coisa. E eu não sou diferente.
-Sim, realmente tens razão. Principalmente com a seca que tens andado. – E riu-se.
Só mesmo estas conversas com Key, para faze-lo ficar mais animado e esquecer coisas indesejadas. Realmente, ele já não via a sua vida sem o loiro.
-Tu tens uma moral! Até parece que tens andado a divertir-te muito nestes últimos dias!
-Vamos mudar de assunto ok? Não é altura para falar da minha vida sexual, mas sim altura para tentares-me explicar o que é que a Stace tem a ver com essa cena da Hyuna.
-É simples meu amigo. A Stace viu durante a noite inteira, eu e a Hyuna aos beijos no meio da discoteca.
-E então?
-E então que ela no final da noite, saiu disparada de lá sem avisar o porquê de tal e sem avisar para onde ia.
JongHyun olhou para o amigo e ergueu uma sobrancelha, como se dissesse que não percebera a conexão das duas coisas.
-Aish! Ela saiu assim da discoteca, porque não suportou ver-me aos beijos com a Hyuna. Não se vê logo?
O moreno ficou a olhar o amigo, e no segundo a seguir começou a rir-se que nem um louco.
-Que é?
-És tão convencido Key! Não tens vergonha?
-Eu não sou convencido ok? Simplesmente sou realista.
-Claro que sim. Então não se vê logo?
-Ai Shut Up! Vai mas é dar uma para ver se te acalmas.
-Não preciso disso. E alias, o único aqui que precisava eras tu. Acho que mais ninguém precisa de ter relações para se acalmar.
-Eu não diria o mesmo. – Disse Key quase num murmúrio, enquanto desviava o olhar do amigo.
-Key… O que é que tu sabes que eu não sei?
-Não te posso garantir nada, mas… - Começou ele levantando os braços, enquanto voltava a fitar JongHyun – Hoje vi o nosso MinHo aos beijos com a Yuri.
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TaeMin entrou no quarto sem fazer barulho.
Acendeu a luz do candeeiro que ele tinha sobre a mesa-de-cabeceira, e pode ver que Onew já dormia profundamente.
Mas... MinHo ainda não se encontrava em casa.
O Maknae começou a despir-se e depois vestiu o pijama, para se deitar. Estava de rastos depois de tudo o que acontecera.
Deitou-se e apagou a luz, tentando adormecer.
Mas era impossível.
Ele só conseguia olhar para a cama vazia do amigo e imaginar onde e o que é que eles estaria a fazer agora. E com quem.
Desejava por tudo que ele não estivesse naquele momento com a Yuri a acabar o que começara na discoteca, com aqueles beijos, pois tinha a sensação que Alex não iria conseguir aguentar tal coisa se viesse a descobrir mais tarde.
Mesmo não querendo, o jovem encontrava-se completamente preocupado com a amiga.
Nunca vira uma rapariga a chorar daquela maneira por um dos seus amigos, quanto mais uma rapariga que ele sentia-se tão bem perto dela.
Sinceramente não queria saber o que o Hyung andava a fazer, pois a vida sexual deste, não lhe interessava para nada. A única coisa que lhe interessava, era fazer com que Alex nunca viesse a descobrir o que MinHo estaria, supostamente, a fazer naquele momento.
Não queria mais vê-la a chorar. Achava demasiado fascinante o seu sorriso, para o perder de vista.
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Alex entrou no quarto e fechou a porta atrás de si.
Meteu a mala na secretaria, e depois mandou-se para cima da cama.
Agarrou-se a uma almofada e depois começou a pensar em tudo o que tivera acontecido naquela noite.
Como é que uma noite que tinha começado tão bem e tão animada, se tinha descontrolado daquela maneira?
Primeiro tinha sido aquela cena super infantil e ao mesmo tempo pesada do Key.
Depois… Depois tinha acontecido aquilo que ela mais temia. Ver o seu amado com outra mulher que não ela, e sentir aquela dor que nunca sentira antes, pois nunca lhe tinham partido o coração.
Mas a jovem, naquele momento agradeceu por ter TaeMin ao pé de si. Ele também fora uma grande surpresa para ela. Nunca pensara que o mais novo pudesse ser assim tão maduro como mostrara ser. E ela estava grata por tal. Se não tivesse sido ele, provavelmente ainda estaria naquele terraço a chorar com todas as suas forças, pois dores daquelas são demasiado fortes para as perder de um momento para o outro. E a prova estava em si. Estava melhor, mas ainda sentia o seu coração muito pequenino e completamente esmagado.
E por fim, tinha sido aquela cena da sua Unnie ter desaparecido assim sem mais nem menos. O que teria acontecido para ela ter feito tal coisa? Ela não era nada de fazer coisas destas. Teria que ter um grande motivo para tal.
Mas Alex achava estranho na mesma. Ela parecia estar tão bem, tão animada e feliz pelo concerto, que não passava pela cabeça de ninguém que ela fosse embora daquela maneira.
Algo se tinha passado. Isso era certo. E ela iria tentar saber o que era.
Mas não naquela noite, pois o cansaço tomou conta do seu corpo, acabando-a por fazer adormecer.