XIII Capítulo – Infiel 11/6/1925, Onde ninguém desconfia, South KoreaAHHAHHAHHAHAHAAHAHHAHahhahahhaahahhahAHHAHAHAHAHAHHAHAAAahahahaha.
-“Meu amo, posso retirar-me?” - Diz-me um deles, com a cabeça baixa num acto de vénia.
-“Retirar-te? Não gostas de apreciar a minha felicidade?”
-“Adoro saber que estais feliz meu senhor, mas eu desejava ficar livre, a minha mulher está perto de ter o bebé!”
-“Ai está? E diz-me uma coisa, o que me pode isso interessar?”
-“Compreendo meu amo, mas a mim, o meu filho interessa-me mais do que qualquer coisa!” – Afirma-me, mudando de expressão. Em vez da cabeça baixa, eu via agora dois olhos, mais brilhantes que o comum, a fixarem os meus com atrevimento.
-“Hum, penso que consigo compreender, o amor pela tua família, o teu novo filho, são a luz do teu coração. Verdade?”
-“Obrigado por compreender meu amo, vos agradeço imenso!” – Diz-me ele com um sorriso a começar a aparecer-lhe nos lábios. Aquilo realmente começava-me a irritar a sério!
Calmamente agarro numa das velas do castiçal que estava ao lado do meu cadeirão e no fim de a observar, aperto-a sentindo a cera a amolecer e a ceder ao meu toque.
Neste meu acto oiço um grito. Finalmente aquele sorriso e aquele brilho nos olhos daquele sujeito estava a desaparecer à medida que, com uma simples pressão dos meus dedos, conseguia não só alterar a mísera vela como também a mísera pessoa que estava diante de mim.
Como ousava ele por a luz do seu coração acima da sua imortal promessa de escuridão para comigo? Estava mesmo irritado agora! Penso que deveria mandar fazer um chá.
-“Hei, vá lá, não sejas uma menina, uma dorzinha não necessita dessa gritaria toda, em vez de pensares em brincar às casinhas, porque não te apressas a ir fazer-me um chá? Penso que merecia não achas? Conseguis-te enervar-me um pouco!”
Fraco, a latejar, o tal infiel curva-se perante mim uma última vez antes de se desculpar e de desaparecer do local, espero eu que tenha sido para me fazer o chá.
Farto de estar ali naquele sítio, levanto-me do cadeirão e dirijo-me ao meu quarto.
Como sempre cheirava a canela e a coco, não sei porquê mas aquele cheiro acalma-me.
Deito-me na cama apreciando o silêncio e a escuridão.
Havia apenas uma única fonte de luz, uma vela grossa e alta que iluminava o quadro que estava pendurado na parede.
Sem conseguir conter o olhar no tecto, vejo-me obrigado a olhar o tal retrato mais uma vez.
A minha irmã gémea estava a sorrir nele, com a sua beleza fora da média e a sua delicadeza incomum numa criança de 12 anos.
[flashback]
Era um parque bonito, numa antiga casa de família que passara de geração em geração. O casal Kim, numa tentativa de dar atenção aos seus meninos, decidiram tirar umas férias naquele local campestre, extremamente bonito e calmante.
Enquanto o casal tinha ido ao centro da aldeia visitar antigos amigos, os pequenos quiseram ficar a brincar pelas extensas terras de sua pose.
O menino queria andar de cavalo e a menina provavelmente ficaria a desenhar ou a ler um livro. Apesar da sua idade reduzida, era um prodígio de menina e muito interessada pelas artes e literatura.
Como era previsto, a menina estende uma pequena mantinha debaixo de um chorão e, encostando-se no seu tronco, abre um livro do qual desejava ler à beira rio.
O seu irmão, decide deixar o cavalo à vontade por um bocadinho e, descendo do lombo do seu Pégaso, tira a sua bola nova da bolsa de pele e começa a brincar muito pertinho de sua irmã, numa tentativa de chateá-la.
-“Jaejoong, pára com a bola, estou a tentar ler!”
-“Tu és uma seca, a tua égua não tarda esquecesse de ti, nunca lhe dás atenção!”
-“Jaejoong, faz pouco barulho, se estás tão preocupado com a Branca, vai buscá-la, mas deixa-me estar…”
-“És má para ela, ela deve-te odiar, assim como eu te odeio.”
-“Vais começar outra vez com essa conversa de eu não brincar contigo? És uma criança ridícula, eu simplesmente não tenho paciência para brincar contigo!”
O pequeno Jaejoong, irritado e magoado com a sua irmã, manda uma bolada no livro que estava nas mãos da menina, fazendo-a largar o mesmo, com o susto.
-“BOA SEU ESTÚPIDO, AGORA O LIVRO ESTÁ DENTRO DE ÁGUA! ESTÁS CONTENTE?”
Numa tentativa de recuperar o livro, a menina chegasse à beira rio tentando alcançá-lo mas depressa caí para dentro de água, sendo levada pela corrente.
-“JAEJOONG, JAEJOONG AJUDAA!”
O pequeno sabia que a irmã não conseguia nadar, sabia que se iria afogar mais cedo ou mais tarde. Era suposto ficar aflito com os gritos de aflição da sua irmã. Mas o pequeno observava a cena com atenção e com algum prazer.
A aflição, a dor de sua irmã, estavam a hipnotizá-lo. Quieto e penetrante, Jaejoong aguarda serenamente que a sua irmã desaparecesse da tona da água.
Quando tal sucede. Limitasse a dobrar a mantinha onde a pequena estava sentada e a colocá-la na bolsa de pele do seu Pégaso assim como fez com a sua bola e, subindo para cima do cavalo, continua no seu passeio pelas terras até que os seus pais chegassem.
[fim do flashback]Ela nunca me valorizou, eu odiava-a! Então porque as malditas lágrimas teimam a cair pelo meu rosto sempre que olho aquele maldito quadro?
Porque simplesmente não o tiro dali? Porque não consigo ficar feliz pela morte dela?
Deixei-a morrer naquelas águas e gostei!
A sua dor aconchega-me assim como qualquer dor. Então porque é que a minha dor é tão aguda agora que me dói de verdade?
Isto não faz sentido…Eu não quero sentir dor, não esta dor…esta dor é insuportável.
Sou um fraco apesar de tudo.
Eu quero acabar com aquele parvo com a mania da luz! O poder dele, é dele apenas por agora.
Quando controlar todas as forças do universo, aí deixarei de ser este fraco.
Quero tanto matar esse tal elementar do equilíbrio. Observar a sua dor. Sentir a sua dor é um desejo insaciável que tenho.
Os seus gritos, pela minha marca feita no seu peito, estão a fazer rejuvenescer todo o meu ser. Mal posso esperar pelo momento certo de o olhar, mesmo nos seus olhos, e ver a luz do seu olhar, apagar.
11/6/1925, Centro de Seoul, South KoreaPOV MINHO
A Min esteve toda a aula de Matemática a olhar para mim e a comentar alguma coisa com a sua colega de carteira da qual eu já deveria saber o nome, mas não sabia, nem estava muito interessado em saber.
Provavelmente comentavam as minhas olheiras, não tinha dormido nada de jeito na noite passada. Ou então, riam do meu cabelo despenteado, estava sem paciência para o arranjar hoje de manhã, como me levantei foi como ficou.
Não estava nada entusiasmado para voltar ao tédio e à vulgaridade dos meus dias, não depois de ter descoberto que posso ficar feliz ao sentir o meu coração a bater forte de paixão.
Aquele miúdo não me sai da cabeça! Mas terá que sair, de uma maneira ou de outra! Tenho que deixar de vez esta ilusão.
-“Bem meninos podem arrumar e começar a sair! Não façam barulho com as cadeiras!”
Arrumei as minhas coisas com rapidez pois tencionava aproveitar o furo que se seguia para ir nadar no rio em que tínhamos canoagem às quintas-feiras, a esta hora não deveria estar lá ninguém.
Chegando à beira rio, dispo-me de maneira a ficar apenas com a roupa interior e mergulho com o desespero.
Nado com toda a velocidade e alma que tenho e, apenas quando o folgo me começa a faltar, descanso, boiando pela água fria.
Era incapaz de esquecer a suavidade e a pureza dos lábios que beijei, ao sentir o toque daquelas águas.
-“CHOI MINHO!!”
Oh bolas, mas quem se atreve a fazer-me abandonar este meu sonho?
Abro então os olhos em direcção à margem. Vejo Min, a chamar-me e a agitar o braço em sinal para que eu fosse para a margem.
Sigo ignorando-a por um pouco, até sair da água.
Pego na toalha e limpo o meu peito sem me dirigir a Min.
-“Minho! Nós precisamos de falar!”
-“Não há mais nada que conversar, tenho que me arranjar, e tu também deverias ir andando, não vais querer chegar atrasada à aula de história!”
-“MINHO EU ESTOU PREOCUPADA!”
-“Bem, adeus Min, até logo!”
Quando ia dar um passo para pegar nas minhas roupas e seguir em direcção ao edifício escolar, a Min agarra-me no braço numa tentativa de me parar:
-“Minho, estás triste…”
-“Hum? Min não ouviste o que te disse? Quero me despachar e tu também tens que ir para a aula!”
Desta vez olhava-a nos olhos, conseguia ver que ela estava prestes a chorar, então, não me consigo afastar, deixo que a mão dela se esgueire para a minha.
Entrelaçando os dedos nos meus, a lágrima teimosa finalmente lhe caí do olhinho:
-“Minho, sempre te julguei alguém, acima de tudo, muito forte e protector. O mundo podia estar a acabar que a tua expressão fria de indiferença, mantinha-se igual, conseguindo suportar tudo o que pudesse acontecer…Mas tu hoje não tens esse ar indiferente e forte que julguei já te estar incorporado no rosto…Tu estás triste Minho, pareces frágil e…não adianta fugires de mim, nem empurrares-me, eu não me vou embora sem saber o que se passa contigo!”
-“Min, não te preocupes comigo…” – Digo eu com mais insegurança do que pretendia. Apetecia-me contar a verdade à Min, afinal, ela sempre fora quase a única amiga que tive e, apesar de eu tentar julgar o que me aconteceu, um sonho, definitivamente não era. Era algo forte que me andava a atormentar a cabeça e, talvez se o partilha-se, tudo ficaria mais claro.
O silêncio entre nós manteve-se até ela encostar a cabeça no meu peito devagarinho, ela era bem mais pequenina que eu:
-“Minho, eu amo-te!”
Uma vontade enorme de a abraçar e de dizer “eu também” surge na minha cabeça, mas no meu coração a verdade estava reservada. E era assim que ela deveria ficar! Será um segredo entre mim e o Taemin, um segredo que não passa de um momento.
-“Min, desculpa!”
-“Por favor, conta-me o que te atormenta, confia em mim, tal como eu confiei sempre em ti.”
Devagar agarro-lhe o rosto, o que estava prestes a fazer, estava errado, mas seria o melhor a fazer, ela ficaria feliz e eu…possivelmente, tiraria mais rapidamente aquele rapaz da minha cabeça.
Beijo os lábios dela devagar, conseguindo controlar totalmente os meus sentimentos e dando segurança à Min, que me olhava agora com um olhar brilhante.
-“Tens razão Min, estou triste! Não consigo esconder mais, eu não me queria afastar de ti, antes pelo contrário, eu queria que a nossa relação evoluísse mas, com medo de ser rejeitado, fui um fraco e afastei-me com a esperança de te esquecer mas eu não consigo. Eu…também te amo.”
Estas últimas palavras, arranharam-me a alma, sentia que estava a trair alguém, mas teoricamente, não estava a trair ninguém, talvez estivesse sim…a trair o meu coração...
Um sorriso no rosto de Min surge, reconfortando-me um pouco, tinha saudades daquele sorriso.
-“Minho…”
-“Min, queres namorar comigo?”
No instante que acabei a pergunta, ela manda-se para o meu abraço, apertando-me fortemente:
-“É o que mais quero!”
Deixo-a ficar no meu abraço, beijo-lhe a testa mimando-lhe as costas e os braços:
-“Não me largues Min, preciso de ti!”
A frase saiu dos meus lábios naturalmente e parecia apaixonada, mas dentro de mim, aquelas palavras soaram-me a egoísmo.
13/6/1925, Templo de lótus, Montanha, Seoul, South KoreaPOV JINKI
Desde que teve aquele sonho, que o Kibum anda um pouco tenso e, embora ele desminta, eu sei que tem sentido dores no peito, naquela marca obscura que me arrepia só de a imaginar.
A tarde estava a cair e ele preparava alguma coisa para comermos. Preparávamo-nos para sair do Templo de Lótus no dia seguinte, e continuar a nossa busca aos elementares o quanto antes, parece que Kibum agora ainda tem mais urgência, que a que costuma ter, em encontrar os outros membro do grupo.
-“Hum Kibum, isso cheira bem!”
Um mísero sorriso nasce no rosto dele, mas não passa disso, um sorriso fosco e carente que logo desmorona… nem me responde, o que me deixava inquieto. Odiava quando o Kibum não me respondia…Sim, eu sei que ele normalmente não tinha o habito de me ignorar, eu é que sou um grande chato, confesso, quando ele esta a tentar meditar ou fazer ioga e eu me lembro de tagarelar sobre tudo e mais alguma coisa… É que… eu gostava de estar sempre a comunicar com ele, no fundo, temia um pouco aquelas meditações e silêncios dele…e agora, no fim do acontecido, penso que nem adormecer eu vou deixar o Kibum fazer.
-“Queres ajuda?”
-“Não é preciso hyung, continua a arrumas as coisas, eu consigo dar conta do recado!”
-“Tudo b…”
-ARRRRRRRRGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
Só vejo a faca dos legumes a voar pelos ares e o Kibum a mandar-se para o meu colo, assustado, tal como eu:
-“O que foi isto JinKi!?”
-“Não sei, pareceu-me um grito!”
-“Pareceu-me mais um URSO!”
-“Sim, também ouvi um urso, seguido do tal grito, será que um urso atacou alguém?!”
-“ESTÁS PARVO! OS URSOS NÃO EXISTÊM!”
-“Shhh, Kibum fala baixo, ele pode ouvir-te!”
-“JinKi, tu agarra-me! Eu sou muito novo para morrer!”
-“Tens assim tanto pânico de ursos?”
Ele olha para mim com uma cara que me dizia “O que te parece? Obvio que tenho!”, o que me fez rir um bocadinho. Sei que não o deveria ter feito quando o Kibum me dá uma pisadela repentina, voltando outra vez para o meu abraço:
-“Não gozes pah!”
-“Tem calma Kibum, vamos ver o que se passou, pode nem ser nenhum urso, podem estar a precisar de ajuda!”
-“T-t-t-tens razão!” – Diz ele, numa voz trémula como o seu corpo que se agarrava à minha camisola com unhas e dentes.
-“Anda, vamos ver o que se passa!”
…continua…